sábado, 26 de abril de 2008

DCE da Unimontes repudia ação policial

Mesa da Audiência Pública da Câmara Municipal na noite de 24 de abril
Foto: Jefferson Jansen

NOTA DE ESCLARECIMENTO E REPÚDIO

Nós, estudantes da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, vimos a público manifestar a nossa indignação e repúdio à atitude tomada pela Polícia Militar de Minas Gerais, em relação ao movimento legítimo, democrático de reivindicação do meio passe no transporte coletivo urbano para os estudantes montesclarenses.

O dia 24 de abril de 2008 ficará registrado na história de Montes Claros como o dia do massacre ao direito do cidadão de manifestar-se livremente.

Esclarecemos que a manifestação tinha apenas o intuito de cobrar as promessas feitas pelo prefeito Athos Avelino (PPS). A manifestação foi fruto de diversas tentativas de diálogos com poder executivo, sendo referendada por deliberação em Assembléia Geral dos Estudantes da Unimontes realizada no dia 26 de março.

Nesse ato de repressão ao movimento estudantil, fere-se os direitos humanos, a democracia participativa e a cidadania. O direito de manifestação pública é defendido por esse corpo estudantil, como instrumento fundamental e legítimo em nome da construção de uma sociedade democrática e livre.

Informamos que o prefeito se negou receber os manifestantes e que o Diretório Central do Estudantes da Unimontes - DCE não legítima a comissão escolhida arbitrariamente pelo poder executivo.

Reiteramos que os estudantes da Unimontes se dispõem a discutir e a dialogar com as entidades de legítima representação estudantil de Montes Claros, do Estado e com UNE e a UBES na construção e aperfeiçoamento de proposta que cria o meio-passe estudantil. Devendo as reuniões destas entidades serem presididas pela maior representação estudantil presente, assim preservando a autonomia do movimento estudantil.

A hora é agora!

Diretório Central dos Estudantes da Unimontes - DCE


A Estrada vai além do que se vê!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

As cores da violência

Senhor Delvani Dias dos Santos, 42 anos, preso por solicitar informações
Artefatos utilizados pela polícia contra manifestação estudantil

Estudante sendo levado para longe das câmeras para receber "tratamento especial"
O despreparo e a truculência em ação
Marcas da agressão no corpo do engenheiro agrônomo Frederico Lima
Fotos: Fabíola Cangussu e Wilson Medeiros (www.onorte.net)



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Polícia neles!


Reproduzimos artigo do jornalista Eduardo Brasil sobre os fatídicos acontecimentos de ontem, o mesmo pode ser encontrado n'O Norte.net


Polícia neles!


Estudantes com escoriações pelo corpo. Atingidos por balas de borracha. Correndo de cachorros. Respirando gases tóxicos. Sendo presos. Algemados. Sangrando.

Que cenário... Ele nos remonta aos dos idos sessenta, do século passado, quando as causas sociais abraçadas pelos estudantes eram recebidas pela ditadura militar como caso de polícia.

E o pau comia. Gente, como Edson Luis, até morria.

O cenário narrado acima e os seus atores, estudantes e polícia, foi o que restou da manifestação de ontem, que se pretendia pacífica, dos estudantes de Montes Claros na sua luta pela implantação do meio-passe no transporte coletivo urbano - duramente repreendida pela polícia militar que impediu a entrada dos manifestantes no prédio da prefeitura, onde pretendiam se reunir com o executivo que, aliás, nem estava no seu local de trabalho.

E olha que, naquelas quadras dos sessenta (pau neles), a luta dos estudantes empunhava questões mais complexas que uma simples cobrança de implantação de um meio-passe nos lotações de uma cidade interiorana. A luta era nacional, com temas mais perigosos para o sistema imposto à mira de armas, como reforma universitária, de base, agrária, fim da exploração imperialista, da evasão de divisas para o exterior, de defesa do processo de estatização de empresas multinacionais e de instituição de um regime socialista nos moldes de Cuba.

Meio-passe? O que é isso, companheiro?

Dá para imaginar como o executivo municipal agiria naqueles idos, com as pecaminosas prerrogativas dadas às autoridades da época (tinha até pena de morte, prisão perpétua para subversivos), considerando o que ele faz hoje, abusando apenas dos resquícios que os tempos de chumbo deixaram para impedir que o jovem tenha condições de estudar.

O que se viu no prédio da prefeitura, ontem, enfim, foi uma praça de guerra, como bem definiu Lipa Xavier, principal baluarte do meio-passe. Ele chegou a atribuir à tropa de choque da PM toda a responsabilidade pela transformação da manifestação pacífica em confronto. Acusou os militares de recorrerem até mesmo à fabricação de provas contra os estudantes, como se fazia nos anos de exceção, observando que em meio à truculência com que trataram o manifestante podiam ser flagrados carregando pedras colhidas nas escadarias externas do prédio público atiradas em meio ao tumulto, para depositá-las no saguão da prefeitura como se tivessem sido arremessadas pelos estudantes, numa tentativa de destruir o patrimônio público. A polícia retruca e diz que atuou com base nas suas operações táticas, utilizando o rigor necessário para reagir à altura dos atos estudantis.

O confronto, além do caos, nada acrescentou à questão do meio-passe, mesmo que o assunto, ainda na noite de ontem, tenha sido debatido em audiência pública realizada pela câmara municipal na Unimontes, entidade que, através do seu Diretório central fez coro ao protesto pela instituição do benefício estudantil. Aliás, a participação de entidades idôneas na manifestação chamou a atenção: por lá, eram vistos representantes do Sindicato da rede particular de ensino, da União Brasileira dos EStudantes Secundaristas, da União Colegial de Minas Gerais, do Sindicato estadual dos professores e da União Nacional dos Estudantes. Não exatamente a atenção do executivo, voltada, então, para outros assuntos, sabe-se lá quais.

O fato é que Athos Avelino não deu a mínima para as representações que, outrora, demagogicamente, sabe-se hoje, fez questão de reverenciar dos palanques eleitorais.

Apesar da repressão, os estudantes não dão a luta do meio-passe por vencida. Sabem que o momento para que ele seja implantado é agora, neste instante que antecede o período das eleições municipais. Insistirão. Com novas manifestações, se preciso for. Embora saibam que o trunfo que a passagem confere, quando o voto passa a ser a principal arma do povo reprimido, hoje, não valeria tanto, uma vez que o prefeito já não precisaria chamar a polícia, soltar os cachorros nos estudantes para confirmar que, deles, jamais obterá um voto.


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Jô Moraes denuncia agressões policiais

A líder do PCdoB na Câmara, deputada federal Jô Moraes (MG), denunciou ontem (24), da tribuna da Casa, a agressão perpetrada pela Polícia Militar do Estado de Minas Gerais contra estudantes secundaristas da cidade de Montes Claros, durante manifestação em prol do meio passe no transporte coletivo.
Segundo a parlamentar, a manifestação, que agregou 3 mil estudantes, foi dispersada pelos policiais militares através do uso de gás de pimenta, bombas de efeito moral, cães e até balas de borracha. Nove estudantes foram detidos e até um pai que foi se inteirar do que estava acontecendo, também acabou preso.
As informações sobre o que naquele momento acontecia na cidade mineira lhe foram repassadas pelo vereador Lipa Xavier (PCdoB). Tão logo recebeu a comunicação ela foi até a tribuna denunciar a situação. Em seu pronunciamento, a deputada apelou ao governador mineiro para que dê um fim a esse tipo de violência contra estudantes e cobrou a punição de todos os responsáveis.
Jô Moraes considera “justa e legítima a manifestação dos estudantes pela implantação do meio passe no transporte coletivo, pois trata-se de uma luta pelo direito de estudar, pelo acesso à escola”, ponderou.
Para ela é imperativo um basta à violência policial em todas as suas formas, e especialmente, contra estudantes na reivindicação de um direito fundamental. A luta estudantil pelo meio passe nos coletivos de Montes Claros já soma 15 anos.



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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Diretoria da CTB também se pronuncia

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil também repudia violência em Montes Claros, leia nota abaixo publicada no Portal da CTB:


Diretora da CTB é presa em Montes Claros (MG)
24/04/2008
Uma manifestação de estudantes na cidade de Montes Claros (MG) resultou numa violenta repressão policial. Houve espancamentos e prisões — inclusive da diretora de formação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Celina Áreas, que também é dirigente do Sindicato de Professores de Minas Gerais (Simpro-Minas). “Fui agredida e empurrada escada abaixo”, disse ela, por telefone, da prisão.
A CTB repudia esta ação truculenta contra os estudantes e manifesta irrestrito apoio à sua reivindicação. “Esta luta é legítima e nunca deixamos de manifestar nosso apoio, com sindicalistas, a esta reivindicação que vem sendo negado sem nenhuma justificativa pelo prefeito”, diz Celina Áreas.
Em nome da CTB, ela tem acompanhado as manifestações dos estudantes e manifestado a irrestrita solidariedade da central à luta dos estudantes — inclusive sofrendo as conseqüências desta brutal repressão. “A CTB repudia veementemente esta atitude truculenta e está fazendo gestões para que os presos sejam libertados o quanto antes”, afirma Wagner Gomes, presidente da central.
Pendência
Os estudantes se dizem cansados das promessas do prefeito Athos Avelino Pereira (PPS) e voltaram às ruas na manhã de quinta-feira (24), antecipando os protestos e os debates sobre a implantação do meio-passe — que ganharão seqüência à noite, durante audiência pública que a Câmara Municipal realizará sobre o tema. Segundo os estudantes, o silêncio do prefeito em relação à institucionalização do meio-passe nos lotações é uma verdadeira declaração de guerra.
A pendência vem desde 2005, quando o benefício do meio-passe foi prometido, e até agora o assunto está sendo empurrando com a barriga. Montes Claros, ao contrário do que ocorre em todo o Estado de Minas Gerais, a medida (com exceção de Belo Horizonte, onde ela será oficializada em meados deste ano), é a única cidade mineira onde o meio-passe não foi implantado. Em março, os protestos reuniram mais de três mil estudantes num mesmo grito revoltoso. Eles prometem uma segunda etapa dos protestos para a noite do dia 24, na audiência pública sobre o tema.

Com informações do blog de Ramon Fonseca (ramonjrfonseca.blogspot.com), diretor da União da Juventude Socialista (UJS)


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E as arbitrariedades continuam...


Acabo de retornar de entrevista que concedi, junto com o vereador Lipa Xavier (PCdoB) e com o presidente do DCE da Unimontes, Diego de Macedo, ao programa "Acontece" na rádio Expressão FM. Lá tomamos conhecimento de nota fajuta da Prefeitura Municipal tentando justiicar o injustificável. Após ordenar a barbárie impetrada pela Polícia Militar contra os estudantes, agora tentam tirar o corpo fora.

Em meia hora vai se iniciar a Audiência Pública da Câmara Municipal para discutir o projeto de lei do meio-passe, de autoria do vereador Lipa Xavier. Infelizmente a Audiência não poderá contar com a presença do presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-MG), Diogo Santos, do presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Flávio Nascimento, dos diretores da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Thiago Mayworn e Luiza Lafetá, do presidente municipal da União da Juventude Socialista (UJS) em Montes Claros, José Lousada Neto, do diretor da UCMG, Lucas Alves, do dirigente estadual da UJS, Danniel Coelho, da dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Celina Areâs, além de um estudante e seu pai. Esses dez cidadãos estão detidos em delegacia da cidade, sem ter nem sequer um Boletim de Ocorrência sido registrado até o momento.

Demonstraremos o nosso repúdio na Audiência que irá se iniciar em breve.


Publicamos abaixo nota da União Popular de Mulheres (UPM), em solidariedade a manifestação dos estudantes:



Em Montes Claros uma nova história já começou...
contra os estudantes!
Contra a liberdade de organização e manifestação!



24 de abril de 2008 ficará registrado na história de Montes Claros como dia do massacre ao direito do cidadão, da cidadã de manifestar-se livremente pela implantação de uma política há anos reclamada pela juventude: meio-passe estudantil no transporte público. Projeto que, mais uma vez, tramita na Câmara Municipal. Direito assegurado em praticamente todas as cidades mineiras!
Os estudantes de Montes Claros, durante manifestação pacífica e democrática, demonstravam a insatisfação das entidades estudantis com a administração municipal, especificamente ao descumprimento do acordo firmado entre os estudantes, a administração pública e o presidente da Transmontes, José da Conceição. Acordo que previa a formação de uma comissão que elaboraria um projeto consensual para ser enviado à câmara municipal, implantando o meio-passe: um benefício para toda a sociedade.
Diante do silêncio do Sr. Prefeito Municipal, Athos Avelino, os estudantes voltaram a manifestar. E foram surpreendidos e recebidos, não pelo prefeito, nem pelo vice Sued Botelho, nem pelo presidente da Transmontes, mas por uma comissão de recepção nada amistosa.
Os estudantes foram recebidos pela polícia truculenta do Sr. Aécio Neves. Governador que vê nas manifestações da sociedade, direito constituído pela democracia, motivo suficiente para colocar sua tropa nas ruas.
A manifestação pacifica de estudantes foi recepcionada, pelos representantes do Sr. Aécio e do Sr. Athos, com uma ação repugnante e impiedosa orquestrada pelo Capitão Nascimento, pelos Tenentes Ovídio e Wellington.
A porta da prefeitura virou palco de guerra: pelotão de choque, cães adestrados, bombas, gás, spray de pimenta, balas de borracha, estudantes feridos e diminuídos no exercício da cidadania.
Foram detidos arbitrariamente vários estudantes. E levados para a delegacia os representantes da UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Thiago Mayworm; da UEE/MG – União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais, Diogo; o presidente da UCMG – União Colegial de Minas Gerais, Flávio ‘Panetone’; além dos representantes locais da UCMG, Luísa Lafetá e Lucas Alves; o presidente da UJS/Montes Claros, José Lousada Neto; a Sra. Celina Padilha Arrêas, diretora do Sinpro Minas – Sindicato dos Professores da Rede Particular de MG e da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e o sr. Delvanir Dias dos Santos, pai de aluno que acompanhava a manifestação e foi detido por pedir informação aos PMs.
O Sr. Athos Avelino, que tantas vezes solicitou a participação da juventude nas decisões políticas e na construção de uma tal ‘governança solidária’, ficou silencioso em relação ao acordo firmado pela institucionalização do meio-passe nos lotações. E, hoje, com uma verdadeira declaração de insensibilidade aos direitos humanos, se omitiu diante da injustificada, arbitrária e nada saudosa ação policial utilizada para repelir os estudantes.
A UPM – União Popular de Mulheres, núcleo da União Brasileira de Mulheres registra sua indignação enquanto mulheres, mães e cidadãs. E lembram que a revolta diante do ocorrido não silenciará nem as manifestações, nem o nosso apoio à implantação do meio-passe estudantil. Pelo contrário, servirá para lembrar aos srs. Aécio, Athos e seus comparsas que a juventude é herdeira da liberdade e da democracia. E que, a juventude, assim como a UPM, nunca se ausentará do direito de construir uma sociedade que respeite e implemente os direitos e as conquistas de homens e mulheres livres.
E, diante de tal opressão a manifestação por uma causa que beneficiará a todos, direta ou indiretamente, pais, estudantes, professores, diretores, mulheres, todas e todos que reconhecem na educação o caminho de desenvolvimento social, reforçaremos a convocação para ampliar o movimento e para lembrar aos menos desavisados que vivemos numa sociedade democrática que elege seus representantes.
Somos mães e não calaremos diante de nenhuma injustiça!
UPM/núcleo UBM
Por um mundo de igualdade. Contra toda opressão.



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Prefeitura reprime manifestação com violência

A segunda passeata da jornada de lutas pelo meio-passe em Montes Claros terminou em pancadaria.
A manifestação tinha o intuito de cobrar as promessas feitas pelo prefeito Athos Avelino (PPS) de criação de uma comissão estudantil para elaborar um projeto de lei do meio-passe em consenso com representantes do poder público municipal. Tal proposta foi sabotada pelo prefeito que preferiu montar uma comissão “laranja”, inclusive com pessoas que já se declararam contrárias ao meio-passe.
Após a concentração de milhares de estudantes na Praça Doutor Carlos no início da manhã, a passeata seguiu rumo a Prefeitura Municipal. Aos gritos de “meio-passe já!”, os estudantes de cerca de 20 instituições de ensino da cidade percorreram a região central da cidade sendo apoiados pela população montesclarense. No encerramento da manifestação, uma assembléia geral dos estudantes solicitou a presença do prefeito para esclarecer seu posicionamento sobre o tema.
Depois de aguardar por alguns minutos, os jovens ocuparam o saguão da Prefeitura pacificamente e sem causar nenhum dano ao patrimônio público. E Athos não titubeou, chamou a Polícia Militar pra agir através do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE). Daí pra frente o que se viu foi um espetáculo de violência. Spray de pimenta, escopetas com balas de borracha, granadas de efeito moral, cães e muita pancadaria. Essa foi a forma como a desocupação se deu.
A jovem estudante Lunny Pereira foi empurrada escada abaixo e desmaiou. Outra jovem estudante foi atingida por estilhaços da granada e teve seu peito rasgado, tendo de ser levada para a Santa Casa para que fosse tratada. Uma senhora que estava dentro da Prefeitura pra pagar o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) foi jogada escadaria abaixo. O engenheiro agrônomo Frederico Lima, ex-coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Viçosa (DCE-UFV) foi mordido por um cão e teve seu braço ferido por uma bala de borracha. Daniel Dias, estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), foi agredido por diversas vezes e também empurrado escada abaixo.
Esses são apenas alguns relatos da violência vivenciada hoje nesse vergonhoso dia pra nossa cidade.
Nesse momento estão prestando depoimento o presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-MG), Diogo Santos, o presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Flávio Nascimento, o presidente da União da Juventude Socialista (UJS) em Montes Claros, José Lousada Neto, a vice-Minas da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Luiza Lafetá, o diretor de políticas institucionais da UBES, Thiago Mayworn, além do diretor estadual da UJS, Danniel Coelho.
Mais tarde traremos imagens da truculência comandada pela Prefeitura.
A luta não vai parar!
Ainda hoje, a partir das 19:30, a Câmara Municipal, atendendo a requerimento do vereador Lipa Xavier (PCdoB), irá realizar Audiência Pública para discutir o projeto de lei do meio-passe. A atividade ocorrerá no auditório do Centro de Ciências Humanas da Unimontes.
Ainda hoje mais informações.


Imagens: Rodrigo de Paula

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

É amanhã!


A coluna do jornalista Eduardo Brasil n'O Norte.net também aborda a indignação dos estudantes com as manobras protelatórias da prefeitura. Amanhã é dia de estudantes nas ruas de Montes Claros novamente.
O bicho vai pegar!


Ultimato à prefeitura

Eduardo Brasil


Cansados das promessas do prefeito, estudantes voltam às ruas nesta manhã de quinta-feira antecipando os protestos e os debates sobre a implantação do meio-passe – que ganharão seqüência à noite, durante audiência pública que a câmara municipal de Montes Claros realizará sobre o tema na Unimontes.
Os estudantes de Montes Claros entendem o silêncio do prefeito Athos Avelino, em relação à institucionalização do meio-passe nos lotações, como uma verdadeira declaração de guerra. Tanto que a categoria deixará suas trincheiras na manhã desta quinta-feira para ganhar o front, as ruas da cidade, envolvida em mais um protesto contra a administração municipal – que desde 2005 vem prometendo o benefício do meio-passe e empurrando o assunto com a barriga, como diz Lipa Xavier, vereador que desde sua estréia no parlamento tenta emplacar o serviço – e olha que ele está no quarto mandato consecutivo.
Lipa acha um absurdo que somente em Montes Claros, ao contrário do que ocorre em todo o estado de Minas Gerais, a medida (com exceção de Belo Horizonte, onde ela será oficializada em meados deste ano) ainda não tenha sido implantada.
Em conversa com Sued Botelho, na manhã desta terça-feira, que fez a última promessa sobre a institucionalização do meio-passe, usando a linguagem de quem guerreia, Lipa Xavier deu um ultimato ao vice-prefeito – foi isso exatamente que Sued ouviu, um ultimato, assegurando que a paciência dos estudantes, quanto à indiferença da administração municipal à sua demanda já legendária chegou ao máximo, e que a partir de agora, independente do que ela disser, ou prometer, colherá a semente que plantou – o fruto da revolta.
A concentração desta quinta-feira – lembra o parlamentar, seria uma demonstração de que não haverá pausa nas manifestações, que no mês passado reuniram mais de três mil estudantes num mesmo grito revoltoso. A segunda etapa dos protestos terá lugar na Unimontes, à noite, onde a câmara municipal de Montes Claros realizará audiência pública sobre o tema.
Os estudantes, nesta quinta-feira, mais uma vez se reunirão na praça Doutor Carlos, às oito horas, e de lá percorrerão várias ruas e avenidas da cidade arregimentando apoios, até chegarem ao prédio da prefeitura, onde pretendem se reunir com o prefeito – que, da outra vez, coincidentemente, ou curiosamente, não estava no local, deixando o pepino nas mãos de Sued Botelho (foi aí que o vice recebeu os estudantes e lascou a última das promessas não cumpridas: a de que, em 45 dias, a partir daquele 31 de março, a prefeitura, junto com os estudantes, elaboraria comissão especial para de forma consensual arrancar um projeto de lei definitivo do meio-passe, para ser finalmente enviado pelo executivo à votação do legislativo).


LOROTA DE SUED?
Logo dele, um ex-militante das hostes estudantis?
Bem, os ex-aliados contam que já se passaram 26 dias e que Sued Botelho parece, hoje, confirmar, assim, a dúvida que os persegue, ao mesmo tempo em que deixa a impressão de repetir o aforismo de seu chefe máximo.
Sued Botelho parece ter esquecido do que disse.
E de onde veio...
No mínimo.



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Conferência de Juventude vai reunir duas mil pessoas

Com Fagner Sena (Tatu), Wadson Ribeiro e Plínio Oliveira na Conferência Estadual de PPJ


Mais de duas mil pessoas estarão em Brasília reunidas de 27 a 30 de abril no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade na 1a Conferência Nacional de Juventude. Os participantes discutirão os principais desafios e ações governamentais para o tema.

A solenidade de abertura será no dia 27 às 15h e terá a presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e do secretário nacional de juventude, Beto Cury. A presença do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está prevista no dia 29 às 18h, quando fará um discurso aos participantes.

A Conferência Nacional é um espaço de diálogo entre o poder público e a sociedade civil. Os representantes de governos e os movimentos e organizações juvenis vão debater propostas para garantir os direitos dos jovens. Entre os temas estarão questões relacionadas à educação, trabalho, cultura, sexualidade, participação, saúde, meio ambiente, segurança, diversidade e uso do tempo livre.

Como resultado do evento, as propostas debatidas serão transformadas em uma agenda de prioridades para as políticas públicas a ser entregue aos governos federal, estaduais e municipais e aos parlamentos das três esferas da Federação. O evento contará também com uma intensa programação cultural com música e exibição de filmes.

Para mais informações:

Assessoria de comunicação
Secretaria-Geral da Presidência da República
Fone: (61) 3411 1863 / (61) 81129868

Segue, abaixo, a programação da Conferência:


Domingo (27/03)

Manhã
Chegada dos delegados

Tarde
15:00 - Abertura da Etapa Nacional: Solenidade de Abertura
16:00 - Abertura dos Trabalhos
16:30 - Painel de abertura sobre a Política Nacional de Juventude
Noite
20:00 - Atividades culturais
22:00 - Encerramento do credenciamento de delegados e convidados



Segunda-feira (28/4)

Manhã
8:00 - Café da Manhã
9:00 - Grupos de Trabalho
10:00 as 14:00 - Credenciamento de suplentes

Tarde
14:30 - Grupos de Trabalho Temáticos
17:45 - Entrega do relatório com as propostas aprovadas no grupo.
18:00 - Oficinas autogestionárias e troca de experiências

Noite
20:00 - Atividade cultural

Terça-feira (29/04)

Manhã
8:00 - Café da Manhã
9:00 - Plenária Final - Relato das propostas aprovados nos grupos
11:00 - Momento Interativo de priorização das propostas

Tarde
14:30 -Plenária Final: Apresentação e aprovação das propostas definidas pelo momento interativo.

Noite
20:00 - Atividade cultural

Quarta-feira (30/04)

Manhã
8:00 - Café da Manhã
9:00 - Plenária Final

Tarde
14:00 - Encerramento



Mais informações:
Assessoria de Comunicação da Secretaria-Geral da Presidência da República
Telefone: (061)3411-1407 ou www.planalto.gov.br/secgeral


Estaremos lá pra contribuir.



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Comissão laranja pra discutir o meio-passe

Abaixo matéria d'O Norte.net que desmascara mais uma pataquada da prefeitura em relação ao meio-passe. Amanhã estudantes tomarão as ruas de Montes Claros novamente. Quero ver a desculpa que o senhor prefeito vai arrumar agora...


Mais uma polêmica envolve o meio-passe

Fabíola Cangussu
Repórter

A administração municipal não está respeitando a comissão formada por estudantes de Montes Claros para discutir o meio-passe. A afirmação foi feita nesta terça-feira, 22, pelo estudante Danniel Coelho.


Estudantes que saíram às ruas no dia 27 de março formaram uma comissão para discutir o meio-passe com administração, mas a prefeitura quer formar outra

Segundo ele, a comissão foi implantada no último dia 27 num encontro entre o vereador Lipa Xavier, autor do projeto do meio-passe, o vice- prefeito Sued Botelho e o então presidente da Transmontes, José da Conceição.
- Nesse dia, 4 mil estudantes foram às ruas lutar pelo meio-passe, e a comissão foi formada por estudantes que participaram da manifestação. Mas no dia 17, membros da prefeitura convocaram outras estudantes para conversarem sobre o meio-passe numa reunião no dia 18. Isso caracteriza um desrespeito com os estudantes. A comissão formada no dia 27 é composta por sete representantes sendo eles Daniel Dias - UEE, Lucas Alves - UBES, Clara Montana - UJS, Diego Macedo e Lorena Figueira - DCE Unimontes, Juliano Gonçalves e eu – informa Danniel Coelho, representante da UNE em Montes Claros.
O vereador Lipa Xavier afirma que não tem a confirmação se houve mesmo a reunião no dia 18.
- Faço parte dessa discussão há mais de 16 anos. Se houve mesmo essa reunião, a prefeitura está desrespeitando a todos. Ela não tem o poder de formar comissão dos estudantes. Ela é responsável por indicar quem irá representá-la na comissão, as outras partes devem ser respeitadas em sua autonomia. E no dia 27, onde acordamos em nos reunir para juntos elaborarmos um projeto de comum acordo a ser enviado à Câmara Municipal, às entidades representantes dos estudantes formaram sua comissão. Portanto são essas pessoas que devem participar de todo o processo de discussão sobre o meio-passe – afirma o vereador.
A redação tentou contato com a secretaria de Comunicação da prefeitura de Montes Claros, mas até o fechamento dessa matéria não teve retorno.



PASSEATA
No próximo dia 24, quinta-feira, entidades estudantis sairão em passeata a partir das 8h da Praça Dr. Carlos até a prefeitura municipal de Montes Claros, para cobrar promessas antigas feita pelo prefeito da cidade.
- Queremos convidar toda a sociedade a participar, pois é uma causa que beneficia todos direta ou indiretamente. Pais, estudantes, professores e diretores estão convocados. Enfim, todos que reconhecem na educação o caminho de desenvolvimento social precisam fazer parte desse movimento – convoca Danniel Coelho.




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Todos ao 1º Fórum de Mídia Livre


Estão abertas as inscrições para o 1º Fórum de Mídia Livre, que ocorrerá no Rio de Janeiro, nos dias 17 e 18 de maio. O evento é parte de uma ampla mobilização de jornalistas, professores, estudantes e ativistas pela democratização da comunicação em defesa da diversidade informativa e da garantia de amplo direito à comunicação.
A mobilização para o fórum começou no dia 8 de março, em uma reunião em São Paulo envolvendo 42 jornalistas, estudantes, professores ou pessoas atuantes na área das comunicações, de diferentes regiões do Brasil. Entre outras questões, discutiu-se o avanço do movimento de comunicação da mídia livre em todo o país, de modo a fazer frente aos grupos conservadores que concentram as atividades da comunicação social no Brasil.
O setor de comunicação, segundo o manifesto em construção disponível no site do Fórum de Mídia Livre, ''não reflete os avanços que ao longo dos últimos trinta anos a sociedade brasileira garantiu em outras áreas. Isso impede que o país cresça democraticamente e se torne socialmente mais justo''. E continua: ''A democracia brasileira precisa de maior diversidade informativa e de amplo direito à comunicação. Para que isso se torne realidade, é necessário modificar a lógica que impera no setor e que privilegia os interesses dos grandes grupos econômicos (...)''.
Um dos objetivos, ainda segundo o texto, é a democratização das verbas públicas, apoiando que ''as verbas de publicidade e propaganda sejam distribuídas levando em consideração toda a ampla gama de veículos de informação e a diversidade de sua natureza; que os critérios de distribuição sejam mais amplos, públicos e justos, para além da lógica do mercado; e que ao mesmo tempo o poder público garanta espaços para os veículos da mídia livre nas TVs e nas rádios públicas, nas suas sinopses e meios semelhantes''. O documento já foi publicado no Blog e está disponível aqui.
Antes mesmo do evento no Rio de Janeiro, o movimento social de comunicação já está se mobilizando em oito cidades: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza, Recife, Aracaju e Salvador. Os primeiros relatos já estão disponíveis no site. O próprio evento é um importante passo na discussão e deliberação sobre os rumos do movimento social de comunicação.


Programação

O 1º Fórum de Mídia Livre acontecerá dias 17 e 18 de maio de 2008 (sábado e domingo), das 9h às 17h (com pausas entre os debates e grupos de trabalho). Será realizado no campus da UFRJ da Praia Vermelha, no Auditório Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) e salas anexas. Endereço: Avenida Pasteur, 250 – Praia Vermelha. O Auditório Pedro Calmon fica no segundo andar do FCC. Confira em breve no site do evento a programação completa do evento.


Inscrições

A participação no 1º Fórum de Mídia Livre é aberta e a inscrição é obrigatória. Os participantes podem também se informar sobre os pré-encontros em suas respectivas cidades. O custo individual da inscrição é de R$15 (quinze reais) para o público em geral e R$5 (cinco reais) para estudantes, pagos no dia do evento, junto à secretaria executiva do evento. A secretaria executiva do evento emitirá um certificado de participação para os que compareceram nos dois dias de evento.
A inscrição no 1º Fórum de Mídia Livre não garante, por ora, o transporte, estadia e alimentação dos inscritos, que no entanto estão sendo negociados. Inscreva-se já e participe dos debates.


Fonte: http://forumdemidialivre.blogspot.com/



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domingo, 20 de abril de 2008

Querem vender até a Orquestra

Roman Simovic esteve em Montes Claros
Foto: Damil Kalogjera

No noite de 11 de abril tive a oportunidade ímpar de assistir a um concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) aqui em Montes Claros. Com talento e sutileza emocionantes, a OSMG apresentou a um público de centenas de pessoas, repertório escolhido a dedo, contemplando, entre outras, obras de Mendelssohn e Dvorák.
O spalla Roman Simovic deu show de virtuosidade encantando o público montesclarense.
Mas infelizmente a OSMG vem sofrendo com a ameaça de privatização, similar ao que ocorreu com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). Devemos demonstrar a indignação do povo mineiro com mais uma tentativa de dilapidar nosso patrimônio, nesse caso o patrimônio cultural.
Reproduzimos abaixo matéria do meu amigo cruzeirense Kerison Lopes e do Pedro Venceslau, publicada na Revista Fórum e no Portal Vermelho.



'Revista Fórum': a guerra das orquestras em Minas Gerais

A revista Fórum de abril, além de trazer ótima entrevista com o jornalista Paulo Henrique Amorim, publicou também matéria sobre a polêmica em Minas Gerais envolvendo a Orquestra Sinfônica e a mania do governo estadual de seguir modelo privatista na área cultural. Músicos “rebeldes” revelam nuances que transformou a orquestra em Oscip e ocasionou a divisão. A matéria, cuja íntegra segue abaixo, é assinada por Kerisson Lopes e Pedro Venceslau.



Músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais em ''protesto-concerto'' na Assembléia Legislativa


Os fraques e vestidos longos da elite cultural mineira saíram do armário no dia do lançamento da badalada Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, em fevereiro. O evento era cultural, mas tinha forte conotação política, Segundo a lógica do alardeado “choque de gestão”, praticado pelo governador Aécio Neves, a intenção era apresentar a transformação da orquestra pública em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), nos moldes do que foi feito em São Paulo.

Mas, apesar de todo o esforço de propaganda, nem tudo saiu conforme o script. Um grupo de músicos da Orquestra Sinfônica (Amos-MG) resistiu à mudança. Eles não concordaram com a proposta de abandonarem a carreira no estado, conquistada por meio de concurso público, para serem “celetistas” (regidos pela CLT). Depois dois anos de negociações, os “rebeldes” recorreram às vias judiciais. Poucos dias antes do tão esperado espetáculo, o Tribunal de Justiça concedeu liminar favorável à ação popular movida pelos músicos, não só mantendo-os como funcionários públicos, mas também assegurando a manutenção do nome da orquestra Sinfônica de Minas Gerais vinculado ao estado. Assim, proibiu-se a realização do anunciado espetáculo, que já mobilizara um grande montante de recursos públicos.

A artimanha encontrada pelos organizadores foi incluir às pressas um “E”, a inicial de “Estado”, criando assim a nova Orquestra Sinfônica do Estado de Minas Gerais, nome que vem sendo usado até hoje. Mas a Justiça não aceitou o jeitinho e aplicou uma multa R$50mil para os responsáveis, entendendo que houve um descumprimento da liminar.

“Fomos esfacelados”, protesta José Maria Lages Duarte, presidente da Amos-MG. O músico está na orquestra praticamente desde a sua fundação, em 1979, e classifica a ação do governo como privatização selvagem contra um patrimônio público. “É uma grande incoerência. Há anos reivindicamos investimentos na orquestra pública. De repente, prometem R$12 milhões para serem investidos em uma Oscip. Nunca gastaram com a gente o que estão gastando com a tal nova orquestra”, reclama o violoncelista.

A decisão da Justiça determinou a continuidade da orquestra pública, mas como eles são subordinados e dependentes da Fundação Clóvis Salgado (instituição ligada ao governo estadual) para geri-la, os artistas reclamam que foram abandonados. Foi assim a primeira apresentação do ano, que marcou a reestréia da OSMG, agora reduzida a 41 músicos que resistiram às investidas para se transferirem. “ Não tinha nem cadeira para o público sentar, vimos isso como uma forma de minar, de menosprezar, de boicotar”, disse o contra-baixista Rodsman Ferreira, há vinte na Orquestra.

A situação apresentada pelo músico pode ser confirmada pela crítica do respeitado jornalista cultural Marcello Castilho Avelar, publicada no jornal Estado de Minas do dia seguinte ao espetáculo. “O material enviado à imprensa sobre o concerto informava o horário das dez horas. Na hora marcada, a estrutura necessária nem sequer estava totalmente montada. Funcionários da Casa diziam que teria havido um erro na divulgação, o correto seria 11 horas. Só se for pra inglês ver porque depois das 11 horas ainda havia músicos chegando para a apresentação que, em tese, já deveria ter começado duas vezes”.O contra-baixista Fernando Santos há 13 anos na instituição, desabafa: “Só deus sabe o que passamos e estamos passando, mas estamos contentes porque a resistência tem valido a pena, na prática, a histórica OSMG permanece altiva, para desgosto dos que a queriam ver morta.”

As investidas contra a OSMG são alvo de críticas de setores culturais do estado. “Esta ação é um crime de lesa-música”, resume o maestro Carlos Eduardo Prates, que foi por muitos anos o regente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Principal músico erudito de Minas, Prates já comandou orquestras em países como a Alemanha, Áustria, Holanda, Bélgica. “Que haja duas, três, mas não às custas da morte de uma que sustentou com galhardia e com amor a vida musical da Capital e de todo e estado a pelo menos 30 anos.”

Termo de Parceria

A decisão tomada pela Justiça em manter em funcionamento a OSMG resultou em outro problema. O termo de parceria firmado entre a Fundação Clóvis Salgado, a Secretaria de Cultura e o Instituto Cultural Orquestra Sinfônica deixa bem claro em sua cláusula primeira que o objetivo é o “desenvolvimento das atividades culturais para a sociedade, voltados para a difusão da música erudita, por meio e fomento à atuação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

Como o nome OSMG foi mantido ligado ao estado por meio de decisão da Justiça, a Amos questiona o destino da verba de R$12 milhões que deveria ser repassada para a orquestra pública. A advogada contratada pelos músicos para defender os interesses da OSMG na Justiça, Cyntia Carneiro, atesta que “a OSMG continua existindo, vinculada ao estado, e ela tem a prerrogativa de receber o fomento que consta no termo de parceria”.

Outra acusação apresentada pelos músicos diz respeito a um possível conflito de interesse. Segundo o violoncelista Afonso Gonçalves,a atual presidente da Fundação Clóvis Salgado, Lúcia Camargo, quando chegou em Belo Horizonte vinda de Curitiba, foi apresentada como futura presidente do Instituto Cultural Orquestra Sinfônica (Icos), mas acabou indo para a presidência da Fundação. O comando da Oscip foi credenciada sem licitação e a entidade parceria, no caso, a fundação Clóvis Salgado. “Dos nomes que estão na ata de constituição do Icos só três não são da Fundação”, acusa.

Segundo a assessoria de imprensa da Fundação Clóvis Salgado, o surgimento de uma segunda orquestra sinfônica teria aumentado o acesso do público mineiro à música erudita. Além disso, explica que a criação de Icos se deu para formar uam nova orquestra e valorizar os músicos com melhores salários e crescimento profissional, sem competição. O presidente do Icos, Diomar Silveira, explicou que o antigo termo de parceira celebrado entre a sua instituição, a Fundação Clóvis Salgado e Secretaria de Estado da Cultura previa o fomento da OSMG e, por não ter adesão total dos músicos, perdeu seu objetivo. Outro termo teria sido assinado para a formação de uma nova orquestra. A direção do Icos informa que os R$12 milhões são para custeios operacionais e administrativos, como o pagamento de salários e direitos trabalhistas de 85 músicos. Silveira argumenta que os recursos para o OSMG prosseguem normalmente.

O debate gerado pela tentativa de transformar uma orquestra pública de 30 anos em Oscip reflete dilemas atuais sobre a forma moderna de gestão administrativa, e transferem a responsabilidade da produção cultural para a iniciativa como as Oscips.

Depois de garantir a existência da OSMG da Justiça, os músicos tentam agora conquistar o apoio das organizações sociais mineiras. Várias reuniões estão sendo realizadas com sindicatos, associações, lideranças políticas e principalmente com personalidades e entidades do mundo cultural.

O caso paulista

O estratagema da Oscips nasceu com a “Lei do Terceiro Setor”, promulgada em março de 1999, durante a gestão de FCH. Seus defensores dizem que ela é o reconhecimento legal e oficial da ONGs, principalmente pela transferência administrativa que a legislação exige. Em suma, entidades privadas passaram a atuar em áreas típicas do setor púbico, sendo financiadas tanto pelo Estado quanto pela iniciativa privada. Quando prefeito, José Serra transpôs para o âmbito municipal a idéia, mimetizando ou melhor – radicalizando e lei federal.

Na megalópole, a redação da lei abriu espaço para que as tais Oss se transformassem em verdadeiras ações entre amigos. Para ser considerada “Organização Social”, a entidade tem que ser “reconhecida como tal pelo secretário ou titular do órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objetivo social, bem como do secretário do governo municipal”. Ou seja, só com a benção do Executivo. Hoje, dezenas de hospitais municipais e estaduais são administrados nesse sistema, por meio de contratos de gestão com organizções sociais. No âmbito cultural, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) foi transformada em Oscip há dez anos.


Publicada na edição nº 61 da revista Fórum (abril/2008)



A Estrada vai além do que se vê!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Se o presente é de luta, o futuro nos pertence!



E vem aí o 14º Congresso da União da Juventude Socialista (UJS)!

A entidade realiza seu principal fórum de deliberações de dois em dois anos, para uma análise conjuntural, atualização das bandeiras políticas, planejar os desafios para o biênio seguinte, além de eleger sua nova direção em todos os níveis.

A etapa nacional do Congresso da UJS vai ocorrer entre os dias 29 de maio e 1º de junho na cidade de São Paulo. Antes porém, ocorrerão os congressos estaduais (o de Minas Gerais será na histórica e bela cidade de Ouro Preto entre os dias 16 e 18 de maio), e os congressos municipais.

O 5º Congresso da UJS em Montes Claros será no dia 10 de maio, em local a ser definido pela Direção Municipal. Maiores informações em breve.

Pra já ir entrando no clima, reproduzimos entrevista com o Presidente Nacional da UJS, Marcelo Brito, o "Gavião", concedida a Carla Santos e publicada no Portal Vermelho e na página da UJS.



14º Congresso da UJS iniciará novo ciclo na vida da entidade



"É importante afirmar o sucesso que foi o projeto do Relançamento da UJS [realizado em 96]. Só nos tornamos o que somos por conta da vitória desse projeto. Agora é preciso avançar, precisamos de um novo impulso, encarar novos desafios. A nova fase busca uma UJS de milhões", disse Marcelo Brito da Silva, o Gavião, presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS) em entrevista ao Vermelho.

Por Carla Santos

Além de esclarecer as características da nova fase que o 14º Congresso inaugura para UJS, a liderança também comentou suas reivindicações para as eleições municipais de 2008.
"Durante essa campanha devemos combater a apatia. Devemos visitar milhares de salas de aula, construir várias manifestações e ganhar muitos jovens pra atuar de maneira mais firme e consciente na vida política do país", disse Gavião.
Uma das novidades que devem permear o debate do próximo congresso - a se realizar de 29 de maio a 1º de junho na capital paulista – será a proposta de maior autonomia para as frentes de atuação da entidade e a divisão do acompanhamento do movimento estudantil (ME) em universitário e secundarista.
A recém fundada Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) foi um dos temas da entrevista. Segundo Gavião, a UJS optou por atuar na CTB porque a central "se propõe, junto com a juventude, a renovar o sindicalismo no Brasil". A UJS também está comprometida com a campanha pela redução da jornada de trabalho.
Para Gavião, o maior desafio do 14º Congresso, será superar a mobilização do 13º, que filiou 80 mil jovens.
"Uma UJS robusta tem que entender a importância de diversificar, de explorar mais o ME, de cuidar mais da nossa ação na ponta. Estamos na reta final do congresso e já dá para falar que esse será o maior congresso da história da UJS", afirma.


Leia abaixo a íntegra da entrevista.


Como você avalia a contribuição da UJS para o Brasil e para a juventude nos últimos dois anos?
Gavião - A UJS tem dado uma grande contribuição à luta política pela construção de um Brasil mais justo e soberano. No último período isso só se fortaleceu, vide as passeatas estudantis, as lutas e campanhas desenvolvidas por várias frentes. A UJS também jogou grande papel protagonizando o 16 de agosto que entrou pra história como um ato decisivo pra garantir a continuidade do mandato do presidente Lula e depois na grande campanha pela reeleição em 2006.


O 14º Congresso tem como lema "Se o presente é de luta, o futuro nos pertence". Qual é o seu significado?
Gavião - Esse lema tem dois objetivos. O primeiro esta relacionado à necessidade de ganhar cada vez mais a juventude para a idéia de que as mudanças que queremos, sejam elas profundas ou não, só ocorrem se nosso comportamento no presente for outro. Queremos com esse congresso ampliar a participação política da juventude, intensificar as lutas por educação de qualidade, por emprego pra juventude, contra a violência... e, assim, sermos donos da construção de nosso futuro. O segundo objetivo tem ha ver com uma homenagem a Che Guevara, que esse ano completa 80 anos do seu nascimento e 40 anos de sua morte em combate. O Che é um símbolo importante da luta juvenil pela transformação. A UJS tem orgulho de manter erguida bem alta as idéias desse grande líder revolucionário.


A tese do 14º Congresso defende que a fase do Relançamento da UJS (inaugurada em 1996) terminou e que a organização vive um novo momento. Quais são as características mais evidentes desse "novo ciclo"?
Gavião – Primeiro é importante afirmar o sucesso que foi o projeto do Relançamento da UJS, só nos tornamos essa força viva na sociedade hoje por conta da vitória desse projeto. A construção de uma nova fase se dá justamente por uma percepção de que nossa organização precisa de um novo impulso, precisa encarar novos desafios. Precisamos nessa nova fase consolidar a UJS enquanto uma organização massiva e cada vez mais influente na sociedade. Para um novo tempo é preciso uma UJS renovada.

Além da campanha pelo voto aos 16, uma conquista da UJS, a tese também defende que o centro da plataforma eleitoral da juventude socialista nas eleições municipais de 2008 deve ser a conquista por mais espaços institucionais para o desenvolvimento de políticas públicas para a juventude (PPJs). Para além destes espaços, qual será a principal reivindicação da UJS em PPJs?
Gavião – Mesmo com aumento na oferta de empregos no Brasil durante o governo Lula, esse ainda continua como um dos principais problemas juvenis. Esse ano as eleições são municipais e tratam de questões mais locais. Contudo, queremos debater com vários candidatos a prefeito e vereador a construção de espaços que tratem de maneira cuidadosa das especificidades da juventude, como a constituição de conselhos, secretarias e ou coordenadorias de juventude. Dessa maneira pretendemos envolver e responsabilizar os poderes públicos em todos os seus níveis pra que enfrentem o desemprego juvenil ouvindo mais a juventude. Uma das bandeiras que levantaremos será a da redução da jornada de trabalho sem redução de salários.


Dentre as iniciativas promovidas pelo governo Lula para a juventude qual você considera mais bem e menos bem sucedida?
Gavião – Falar qual foi a melhor não é fácil, todas elas tem seu sentido e seu grau de importância. Poderia citar a Conferência Nacional de Juventude que é um grande espaço de participação que tem possibilitado uma grande mobilização por todo o país, ou ainda o ProUni, que significou um grande avanço na luta pelo acesso ao ensino superior. São todas muito positivas e dignas do apoio de nossa militância. A parte negativa fica pelo resultado final do Projeto do Primeiro Emprego pra Juventude, esse se revelou um fiasco. Vale à pena lembrar que nós da UJS já no seu lançamento ponderávamos sobre a eficácia deste projeto. Esse é um problema ainda sem resposta adequada do governo.


A tese orienta que o primeiro passo da juventude socialista nessas eleições "será combater a apatia e a despolitização impostas pelas idéias reacionárias". Como a UJS pretende enfrentar essa apatia?
Gavião – A UJS é uma organização que nasceu pra travar essa batalha de idéias e durante a campanha eleitoral isso aparece com muita força. Tem sempre uma tentativa das idéias dominantes de desqualificar ou diminuir o potencial transformador que tem a juventude. Falam que política é sinônimo de corrupção, que não temos que nos meter com ela. Mas, enquanto isso, tratam de apoderar-se dela e manipular pra se perpetuar no poder. Durante essa campanha devemos combater essas idéias. As formas são as mais diversas: devemos visitar milhares de salas de aula, construir várias manifestações e assim ganhar muitos jovens pra atuar de maneira mais firme e consciente na vida política do país.


Na virada do século percebemos que a juventude prefere se organizar em coletivos, comunidades, grupos ambientais, culturais, esportivos e do Terceiro Setor a se organizar em entidades estudantis, comunitárias, sindicais e nos partidos. Como a UJS tem se relacionado com estas e outras formas de organização?
Gavião – Valorizamos as mais variadas formas de participação. Nossas frentes e áreas de atuação têm se relacionado bastante com todas elas. Mais do que isso e a partir dessa relação, temos filiado muitos jovens ligados a ONG's. Dessa forma buscamos elevar o poder de intervenção desses jovens.


Entre os movimentos em que a UJS tem maior tradição está o movimento estudantil. Quais são as novidades que estão em debate para esta frente no 14º Congresso?
Gavião – Nesse congresso estamos fazendo um grande debate sobre a necessidade de fortalecer a ação da UJS nas suas mais diversas frentes e, para isso, apresentamos a proposta da autonomia. Com autonomia, queremos fazer com que as frentes tenham a funcionabilidade que hoje vemos no movimento estudantil. As direções da UJS devem definir a política e ajudar na execução, mas a forma deve ser de responsabilidade dos atores de cada frente. No ME o desafio é superar nosso atual estágio e para isso estamos propondo medidas que reforcem essa frente. Uma delas é a divisão no acompanhamento do ME secundarista e universitário. Com isso buscamos elevar a qualidade de nosso trabalho e fortalecer nosso principal veio de ligação com a juventude.


Ano passado os jovens trabalhadores que atuam na UJS decidiram sair da CUT e atuar na Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). O que motivou essa decisão e qual é a perspectiva da UJS na CTB?
Gavião – O que levou os jovens que militam na UJS e na CSC a apoiar a fundação de uma nova central foi á necessidade de construir uma forma renovada de fazer sidicalismo. Temos hoje em nosso país uma estrutura pouco participativa e até burocratizada nesse movimento. A CTB se propõe, junto com a juventude, a mudar essa realidade.

Hoje a UJS atua em 15 diferentes movimentos juvenis, está presente em 700 cidades e nos 27 estados com cerca de 100 mil filiados. Qual é a perspectiva organizativa da entidade nesse 14º Congresso?
Gavião – A atual geração de jovens dirigentes da UJS tem nesse congresso uma grande responsabilidade que é a de manter o ritmo de crescimento. No último congresso chegamos a filiar cerca de 80 mil jovens, e todo esse esforço fez com que as direções estaduais fossem bem ousadas nesse 14º congresso, entendendo o desafio que temos a nossa frente. Queremos consolidar uma UJS massiva e pra isso temos que fortalecer as direções, multiplicar e estruturar melhor os núcleos, consolidar a diversificação. Uma UJS robusta tem que ser uma UJS que entenda a importância de diversificar, de explorar mais o ME, de cuidar mais da nossa ação na ponta. Estamos na reta final do congresso e já dá para falar que esse será o maior congresso da história da UJS.



A Estrada vai além do que se vê!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Presidenta da UNE estará em Montes Claros defendendo o meio-passe


Os Estudantes estão decididos a conquistar o meio-passe no transporte coletivo em Montes Claros. Depois de vários anos de luta, os estudantes decidiram dar um basta à inércia do poder público e exigir da Prefeitura Municipal o cumprimento de acordo estabelecido em 2006.

No próximo dia 24 de abril, a estudantada vai dar mais uma prova de sua capacidade de mobilização e luta nas ruas de Montes Claros. A Presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), a gaúcha Lúcia Stumpf já confirmou presença em mais essa jornada de lutas pelo direito dos estudantes.

Leiam a íntegra da nota lançada hoje pelas entidades estudantis:


Nós, as entidades estudantis abaixo assinadas, vimos por meio desta tornar pública nossa insatisfação com a administração municipal chefiada pelo Doutor Athos Avelino no tratamento dado à questão do meio passe estudantil.
No dia 27 de março passado, após a maior manifestação popular da história recente de Montes Claros, que reuniu cerca de 4 mil pessoas(segundo estimativa da Policia Militar e amplamente divulgada nos meios de comunicação), uma comissão, composta por 40 estudantes liderados pelas entidades estudantis e acompanhada do Vereador Lipa Xavier(autor do projeto que institui o meio passe), reuniu-se com os senhores Sued Botelho, vice-prefeito, e José da Conceição, então presidente da Transmontes, onde estes reafirmaram a intenção da Prefeitura de implementar esta política pública educacional.
Encaminhou-se que seria constituída uma comissão composta por sete representantes das entidades, pela Prefeitura e pelo vereador Lipa Xavier, que teria a tarefa de construir em 45 dias um projeto consensual entre as partes para ser enviado a câmara municipal.
As entidades já definiram os seus sete representantes, entretanto até o presente momento, passado mais de um terço do prazo estabelecido, não há resposta alguma do poder municipal.
Infelizmente a história se repete, pois não é primeira vez que o prefeito Athos Avelino se esquece do compromisso firmado com os estudantes.
Há pouco mais de dois anos atrás, mais especificamente no dia 22 de março de 2006, após outra grande manifestação estudantil, outra comissão de estudantes foi convidada ao 3º andar do palácio municipal, e desta vez recebida pelo próprio Athos Avelino, quando o chefe do executivo se comprometeu a implementar o meio passe, garantindo ainda que este seria incluído na licitação do transporte público que ocorreria na cidade, o que a história demonstrou que não aconteceu.
Aqui cabe um mea culpa das entidades. O movimento estudantil errou! Errou em ter simplesmente acreditado na boa fé do prefeito, e não ter, naquele momento, continuado pressionando, continuado mobilizando. Enfim, erramos, mas não erraremos mais!
Por isso, apesar do prazo firmado não ter se expirado, convocamos todos a rua para mais uma grande manifestação no dia 24 de abril (Quinta Feira) com concentração na praça Dr. Carlos a partir de 8 horas, para juntos, em uma só voz, lembrarmos aos donos do poder que os estudantes não serão enganados mais uma vez!


UJS - DCE Unimontes - UEE-MG - UCMG - UBES - UNE


O bicho vai pegar...


A Estrada vai além do que se vê!

O povo não pára de lutar

Danniel em atividade de formação da UJS - Montes Claros em 2006
Foto: Ariadne Carvalho

Hoje vamos publicar um artigo de um grande e combativo amigo, Danniel Coelho, estudante de Ciências Sociais da Unimontes, membro da Direção Estadual da União da Juventude Socialista (UJS), e uma das principais lideranças estudantis de Minas Gerais.

Apreciem sem moderação.





Considerações acerca da posição secundária do povo na visão historiográfica oficial.


*Danniel Ferreira Coelho



A historiografia oficial brasileira, desde seus primórdios, analisa e atribui características ao povo deste país, que em um primeiro momento aparentam-se elogiosas e até mesmo de exaltação, características implícitas em afirmativas do tipo “o povo brasileiro, é um povo pacifico...”, entretanto faz-se necessário um estudo mais profundo acerca desse tipo de frase, a fim de se compreender realmente os interesses contidos subliminarmente em tais afirmações.
“O povo brasileiro é um povo pacifico...”, realmente essa é uma idéia muito boa de se aceitar, ao analisar-se apenas de relance. O povo brasileiro não quer fazer guerras contra ninguém, participou, oficialmente, de poucas expedições militares em solo estrangeiro.(*salvo engano, se não se contar as expedições ocorridas na época do Brasil colônia e império, onde as fronteiras sul-americanas não estavam bem definidas, só me recordo de duas campanhas militares contra outros paises, que foram a Guerra do Paraguai, e a participação na 2ª guerra mundial). Contudo ao ir a fundo do significado da palavra “pacifico”, chegar-se-á o conceito de passividade, e esta é esta característica real que a historiografia da classe dominante quer atribuir ao povo brasileiro. Estes afirmam que as mudanças ocorridas no país ocorreram pela simples intervenção dos governantes, que a partir de reuniões em seus gabinetes, ou até mesmo às margens do rio Ipiranga, realizaram as mudanças nas estruturas da sociedade brasileira. Portanto o sofrido povo brasileiro deve esperar até que outro “iluminado” chegue ao poder e melhores as condições de sobrevivência da população.
A militância da União da Juventude Socialista não pode de modo algum acreditar em tais “balelas”, muito pelo contrário, deve sempre combatê-las. Deve combatê-las pois, além de serem essas idéias um artefato claro presente no arcabouço ideológico burguês, simplesmente não são verdadeiras. Toda a história da humanidade, portanto obviamente a do Brasil também, é marcada por mudanças no conjunto da sociedade, seja ela qual for, e estas têm como condição sine qua non a participação de amplas massas populares. Fundamental salientar que essas mudanças não foram “presentes” dados a essas massas, mas sim conquistados por ela. Portanto, é fato, e deve-se sempre enfatizar este, que o povo brasileiro quer paz, mas esta deve ser compreendida como um todo, e não em um contexto de submissão, o povo quer paz mas não aceita passividade, e isto é demonstrado em toda história do Brasil.
Um bom exemplo que merece ser citado, que expressa muito bem esse fato até mesmo no contexto Brasil colônia, é o da tentativa de invasão francesa em 1710. Nesse momento não havia nenhum tipo de sentimento de unidade nacional, que ligasse de norte a sul do país – talvez não existisse sentimento algum de que essa porção de terra toda que hoje se chama Brasil, fosse em si uma nação. Entretanto o sentimento de defesa da terra natal fez com que o povo agisse.
Os mais de mil soldados franceses desembarcaram no Rio de Janeiro em setembro de 1710, portando o que havia de última tecnologia em armamento de fogo de porte pessoal. Se a visão da historiografia oficial estivesse correta, o que teria acontecido seria que um governante “iluminado” e dotado de brilhante visão estrategista iria utilizar o exército para expulsar os invasores. Se o povo estivesse, naquele momento, esperando essa solução possivelmente este texto estaria sendo escrito em francês, pois o então governador estava recluso em seu palácio, vacilante em agir, e utilizando todos os soldados na sua própria defesa. O que ocorreu foi que logo após da chegada francesa, e sua penetração na cidade, aparentemente deserta e desguarnecida, na altura da rua direita, encontraram então a resistência local. Cerca de quinhentos jovens, que portavam majoritariamente paus e pedras, partiram com toda sua cólera para cima dos franceses, resultando no inicio da situação agonizante da invasão, que não resistira a força do povo brasileiro, sendo então sacramentado o fim da tentativa francesa em meados de março de 1711.
Ainda na analise do Brasil colônia, vários outros exemplos podem e devem ser dados para demonstrar a atuação determinada do povo brasileiro, pois essa história que a independência política junto a Portugal, aconteceu por que um belo dia, às margens de um exuberante rio Ipiranga, montado em um belo alazão branco, um príncipe português, imbuído de amor por essa terra que há tempos habitava, esbravejou destemidamente “independência ou morte” é uma enorme bobagem.
A autonomia política brasileira ocorreu devido a um longo processo de lutas que culminou com o acontecido de 7 de setembro de 1822. Talvez a luta mais simbólica desse longo processo, seja a ocorrida na então Vila Rica (hoje Ouro Preto-MG) centro fundamental da extração mineral, a chamada Inconfidência Mineira. O povo organizou e planejou uma grande revolta, substanciada ideologicamente pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da revolução liberal francesa. Entretanto seduzido pela idéia do ganho pessoal, um certo homem de sobrenome “dos Reis” (sobrenome sugestivo), que hoje é o símbolo nacional da delação, denunciou a revolta a um certo visconde, preparando assim as forças de coerção portuguesas a dissipar o evento.
Revoltas como essa aconteciam em todo o país; no Pará, na Bahia, no Maranhão, enfim em diversos locais, portanto o estado de colônia se tornava insustentável, por isso o príncipe, imbuído de oportunismo e não de amor, em conjunto com a classe dirigente política local, participou do que seria o fim do julgo português no Brasil.
Aos descendentes desse príncipe a historiografia oficial também atribui grandes feitos humanitários, como a assinatura da lei Áurea por uma tal princesa abolindo assim a escravidão negra no Brasil. É evidente que o fim do trabalho escravo no país (se é que se pode dizer que ele de fato acabou...) não foi um presente de uma princesa aos seus amados súditos, mas sim, foi fruto de muita pressão do povo, expresso no sentimento abolicionista que de sentimento se tornou um grande movimento e que tem sua expressão máxima na obra do grande poeta baiano Castro Alves.(que por seus feitos se tornou patrono da UJS).
Acerca do Brasil império existe outra besteira gigantesca que a historiografia oficial gosta de propagar, que é sobre seu fim. Quem nunca ouviu histórias que afirmam que enquanto os marechais se dirigiam para depor o filho do príncipe, então imperador, o povo simplesmente olhava e continuava a cuidar de suas próprias vidas, sem ter a menor idéia do que se passava. Histórias desse tipo dão a entender que em outro belo dia, esse em novembro de 1889, um grupo de “iluminados” chegou a brilhante conclusão que a republica era melhor que o império e então foram até a residência oficial, resolveram o problema tirando o monarca do poder, e o mandaram para Paris recebendo uma gordissima indenização mensal vitalícia como um pedido de desculpas pelo incomodo de ter sido deposto. Esse fato acima citado é somente o arranjo feito pela classe dominante para ceder às pressões populares. Durante todo o império houve intensa resistência e manifestação popular contra ele, em todos os cantos do país. Em quase todas as faculdades existentes havia clubes republicanos por exemplo. Por isso que o império caiu, se não fosse o povo ainda seria a Casa de Bragança a classe política dirigente do país.
É preciso compreender dialeticamente esses eventos, para não cair em contemplações paradoxais, que não entendem como um movimento popular gerou um governo burguês. Fundamental analisar-se a sociedade pelo modo que se produz suas riquezas, a partir daí compreender que quem possui esses meios de produção detêm o poder, portanto a política é somente um epifenômeno advindo do desenvolvimento desses meios de produção, entretanto avanços na estrutura de governo vigente, são fundamentais para o desenvolvimento de uma consciência revolucionária nas camadas populares, todavia até então essas camadas não possuíam essa consciência, o povo sabia que tinha que mudar a sociedade, só não sabia o que mudar, por isso que do império se implementou a republica velha, de um modo geral sendo uma troca de seis por meia dúzia.
Por falar em republica velha, a historiografia oficial alude a uma frase de um ex-governador mineiro a sua queda “... façamos a revolução antes que o povo a faça...”. Até mesmo o autor de tal frase reconhece a força do movimento das massas, mas a historiografia burguesa não. Antes de 1930, ano da queda da republica velha, várias manifestações claras da insatisfação popular eram expostas. Só pra citar alguns exemplos; a revolta dos dezoito do forte de Copacabana, a greve geral em São Paulo, a organização de um incipiente movimento sindical, a fundação do Partido Comunista do Brasil, a lendária coluna Prestes, a semana de arte moderna que representava a indignação perante o status quo, dentre outras. Depois de todos esses exemplos, ainda assim querem falar que quem derrubou o regime foi um caudilho gaúcho, com tendências ditatoriais, que ficou chateado por ter perdido as eleições, e resolveu depor o governo... Mais fácil acreditar em papai Noel!
A ascensão e queda desse caudilho, e depois a sua nova ascensão e sua nova queda foram apenas expressões da vontade popular. Diferentemente do outro regime ditatorial que ocorreu no Brasil.
Este outro ocorreu devido à aquisição real do povo da consciência revolucionária anteriormente citada. O povo compreendeu que somente iria transformar a sociedade a partir da mudança da produção de riquezas desta. A partir disso a classe dominante, para não perder seu controle da sociedade instaurou regime fascista em 1964, para controlar violentamente a população. A classe dominante compreendeu que dessa vez o povo queria realmente mudar as estruturas da sociedade, e por isso financiou o regime ditatorial.
Portanto, como se é notório, os militares ficaram aproximadamente 20 anos no poder. Para a historiografia burguesa aparentemente eles saíram simplesmente porque cansaram do poder. A partir de meados de 1970, com a troca de um general sanguinário, por um mais “light”, os próprios militares fizeram uma “auto-critica” de seus excessos e resolveram aos poucos, em um processo unilateral, fazer a redemocratização, até que em 1985 o último general saiu e em um gesto simbólico pediu para o povo se esquecer dele. Afirmam também que foi um governador de Minas que iria completar a redemocratização, mas este morreu, sendo então essa tarefa executada por um ex-apoiador maranhense dos militares. Fica o questionamento, quando a burguesia afirma que essa é a história da redemocratização do Brasil, ela o faz por ignorância ou por má fé? Provavelmente má-fé, pois é impossível ignorar o grande movimento de resistência a ditadura que houve no seio da sociedade. Quem pode se esquecer da efervescência do movimento estudantil, principalmente representado pela atuação de sua entidade máxima a União Nacional dos Estudantes, das epopéias homéricas das guerrilhas urbanas, da lendária e heróica guerrilha do Araguaia, onde foram destacados mais de 10.000 militares (segunda maior mobilização das forças armadas brasileiras, perdendo apenas para a campanha na segunda guerra mundial) para conter menos de uma centena de guerrilheiros, dentre diversos outros eventos que tanto orgulham a história do povo brasileiro. O fim da ditadura foi uma conquista do povo brasileiro, muitos colocaram a própria vida à disposição da causa, e isso é um fato impossível de ignorar.
Para finalizar, ausento-me do recurso da impessoalidade utilizado na escrita em 3º pessoa, para somente clarear um fato e reforçar a idéia. Quando nessa minha explanação recusei-me a citar os nomes dos personagens históricos, foi intencional para enfatizar a convicção de que a história não se faz pela atuação fantástica de determinados “iluminados”, e sim pela constante atuação do povo na luta pelos seus interesses. A única exceção foi a citação nominal de Castro Alves, mas esta fiz questão pois como já disse, esse é o patrono da UJS.

*estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), membro da Direção Estadual da União da Juventude Socialista em Minas Gerais (UJS).



A Estrada vai além do que se vê!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Se Liga 16!


A Estrada vai além do que se vê!

Romário é 11!


E o baixinho parou!

O futebol perde uma de suas estrelas e a torcida brasileira fica órfã de um dos maiores artilheiros da história.

Fiquem com a postagem de hoje do Blog do Petta.



Valeu, Romário!

Romário de Souza Faria, 42 anos e 1002 gols, oficializou nesta segunda-feira sua aposentadoria. No lançamento de um DVD sobre sua carreira, o Baixinho afirmou que abandona os campos porque o futebol deixou de ser técnico e passou a ser físico. Dono de grandes façanhas - como os 1000 gols e a eleição de melhor jogador pela Fifa -, Romário encheu os olhos dos brasileiros com belos gols e foi um dos maiores responsáveis pela conquista da Copa de 94, depois de um jejum de 24 anos da Seleção Brasileira.A falta de pudor para falar o que dava na telha também marcou a carreira do artilheiro. Deixamos aqui algumas de suas frases mais célebres, fazendo referência a um dos maiores atacantes que o Brasil já teve. Valeu, Romário!

"Quando eu nasci, Deus apontou o dedo e disse: esse é o cara."

"Pelé calado é um poeta"

"Tenho uma relação íntima com a noite. Ela sempre foi minha amiga. Quando saio, estou contente e marco gols."

"Técnico bom é aquele que não atrapalha."

"Treinar pra quê se eu entro em campo e já sei o que fazer"


A Estrada vai além do que se vê!